Fonte: Jornal de Angola (22/07/2025)
O embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, disse, recentemente, que Portugal pode e deve ter um papel essencial no desígnio da diversificação económica do país.
O diplomata luso destacou o impacto das empresas portuguesas e o envolvimento institucional no quadro da União Europeia. Em declarações aos jornalistas na cerimónia de encerramento do programa FRESAN, na província do Namibe, Francisco Alegre Duarte destacou que o programa foi co-gerido, em grande parte, pelo Instituto Camões, cujo papel destacou na execução da ajuda europeia.
“São dezenas de milhões de euros, o maior programa da União Europeia financiado em Angola, e é co-gerido numa parte muito substantiva pelo Instituto Camões”, frisou Francisco Alegre Duarte. Ao longo dos últimos três anos e meio, o diplomata afirmou ter acompanhado de perto o impacto do FRESAN no Sul do país, sublinhando os resultados no apoio à produção agrícola e na melhoria da qualidade de vida das famílias que subsistem da agricultura familiar.
Assinalou, ainda, que Portugal é o segundo maior parceiro comercial de Angola, depois da China, com mais de 1.250 empresas de capital português ou misto a operar no país. “São empresas que pagam impostos em Angola, que criam muitas dezenas de milhares de empregos e formam quadros técnicos angolanos”, destacou, apontando que o país tem condições para contribuir directamente para a diversificação económica, através da aposta no capital humano.
A esse esforço, segundo o diplomata, soma- se a linha de financiamento de 2,5 mil milhões de euros, actualmente focada em infra-estruturas públicas, que o diplomata defende que deve ser alargada a sectores como Agricultura, Turismo e Saúde. Sobre o Corredor do Lobito, salientou que o investimento actualmente visível no terreno é europeu e privado, com destaque para a portuguesa MotaEngil, que integra o consórcio responsável pela concessão Lobito Atlantic Railway e já criou mais de mil empregos em Angola. A empresa, referiu, está também a operar um centro de formação em parceria com a portuguesa Fernave.
“É fundamental que esta operação tenha sucesso. Se tiver sucesso, vai inspirar outras e atrair o apetite de mais investidores”, afirmou. Questionado sobre o grau de cumprimento das obrigações financeiras do Estado angolano, admitiu que “tem havido algumas queixas de empresas portuguesas quanto a atrasos nos pagamentos”, mas garantiu que existe “excelente diálogo” com o Governo, particularmente com o Ministério das Finanças para resolver os constrangimentos.
Quanto ao futuro concurso público para o Corredor de Moçâmedes, disse ser prematuro antecipar o envolvimento português, defendendo o foco no sucesso do projecto do Lobito. “Vamos fazer do Corredor do Lobito um grande sucesso. Quando estivermos na mesa com uma proposta concreta sobre o Moçâmedes, falaremos”, concluiu.