Grandes projectos são feitos com grandes pessoas: consulte aqui as oportunidades.

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SAN - Segurança alimentar e nutricional

Capacitamos as comunidades rurais com conhecimento e técnicas de segurança alimentar e nutricional para que possam ter uma alimentação melhor.

A fome, a desnutrição e a insegurança alimentar são uma causa e um efeito da pobreza: se a desnutrição perpetua a pobreza e a privação, por seu turno a pobreza agrava a desnutrição e gera insegurança alimentar, comprometendo o desenvolvimento humano, as perspectivas de desenvolvimento das sociedades e o potencial económico dos países.

O sistema FAO-FRESAN é considerado inovador por integrar produção agroecológica, sustentável e amiga do ambiente, pois tem como base o não-uso de produtos químicos e o uso de recursos locais.

Gherda Barreto, representante máxima da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura em Angola

ECA-Chitaka

A nova metodologia Chitaka faz parte de uma inovação implementada no quadro da componente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) do Programa FRESAN: “Escolas de Campo para aumentar a resiliência dos agricultores familiares, a produção sustentável e a segurança alimentar e nutricional no Sul de Angola”.

As ECA-Chitaka são sistemas produtivos com abordagem agroecológica integrada e sustentável. O Programa FRESAN/FAO iniciou a implementação das ECA-Chitaka utilizando a metodologia de mandala agronómica, que se expande em círculos concêntricos, em que são estabelecidas hortas nos anéis, com galinheiro no círculo central. Com esta abordagem, o que é produzido pela Chitaka da ECA destina-se ao consumo dos seus beneficiários, e os membros têm contacto directo e contínuo com uma abordagem que podem reproduzir nas lavras pessoais no sentido de salvaguardar a sua segurança alimentar e nutricional e de aumentar a sua resiliência.

Entre os inúmeros factores que afectam as perspectivas de desenvolvimento encontram-se a escassez de recursos, as alterações climáticas, a degradação ambiental, os modelos insustentáveis de produção de alimentos, os desequilíbrios na distribuição e acesso, o desperdício alimentar e os padrões de consumo não sustentáveis.

 

Hoje o grande desafio – global – passa por haver alimentos a preços acessíveis que fomentem uma boa nutrição e a saúde, para uma população mundial em crescimento. Daí que seja imperativo promover sistemas alimentares mais sustentáveis, resilientes, responsáveis, diversos, inclusivos e competitivos, o que requer a participação de todos.

Potencial da agricultura…

Acima de 80% dos alimentos são fornecidos por pequenos agricultores, mas mais de 70% das pessoas extremamente pobres estão em zonas rurais, onde predomina a agricultura familiar ou de pequena dimensão. Assim, o potencial da agricultura como alavanca para reduzir a pobreza, para gerar emprego e promover o desenvolvimento entre os sectores mais pobres da população aponta para a necessidade de se investir em desenvolvimento rural integrado.

…familiar sustentável

É com este propósito que o FRESAN está a transmitir conhecimento e a capacitar as comunidades do Cunene, da Huíla e do Namibe (as três províncias do Sul de Angola mais afectadas pelas alterações climáticas) para que possam praticar uma agricultura familiar sustentável que lhes permita terem mais e melhores alimentos durante todo o ano e ainda vender os excedentes nos mercados locais. O objectivo final é que tenham uma maior segurança alimentar e nutricional.

Coordenação da segurança alimentar e nutricional e reforço institucional

O Programa FRESAN apoia e reforça, através da implementação directa Camões, I.P., o Departamento Nacional de Segurança Alimentar (DNSA) de Angola na recolha de informação essencial para a tomada de decisão sobre a segurança alimentar e nutricional, bem como o reforço da resiliência das famílias rurais vulneráveis.

Está a ser criado, sob a tutela do DNSA, um Sistema de Informação e Alerta Rápido para a Segurança Alimentar e Nutricional, combinando dados sobre meteorologia, produção agrícola, pecuária e pesqueira, preços dos mercados, estado nutricional e sanitário, disponibilidade de água. Para este sistema contribuem subsistemas de monitorização agro-climática e de vigilância e previsão agro-climática, assim como o desenvolvimento de mecanismos de informação directa aos agricultores.  

E está em implementação um plano de reforço institucional dos parceiros com responsabilidades de planeamento, coordenação e monitorização da segurança alimentar e nutricional, nomeadamente os governos provinciais do Cunene, da Huíla e do Namibe, as administrações municipais, institutos, e o DNSA.

Glossário/conceitos:

Abrange as actividades agrícolas de base familiar e está ligada a diversas áreas do desenvolvimento rural. Consiste num meio de organização das produções agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola, geridas e operadas por uma família, e que depende predominantemente de mão-de-obra familiar, tanto de mulheres como de homens. (FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 2014) Tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, a agricultura familiar é a forma predominante de agricultura no sector de produção de alimentos. Em 2015 a agricultura familiar era responsável por 80% da produção mundial de alimentos e por 90% das propriedades agrícolas.

Produzido na proximidade, tendo uma cadeia de distribuição curta. (Associação Portuguesa dos Nutricionistas. E-book n.º 43, 2017)

Fresco, da época, que se encontra disponível localmente e em condições de maturação adequadas para consumo. (Associação Portuguesa dos Nutricionistas. E-book n.º 43, 2017)

procedimento que tem como objectivo determinar o estado nutricional, através da recolha e análise de dados como: história clínica, anamnese alimentar, dados antropométricos, parâmetros bioquímicos, dados clínicos e interacções entre fármacos e nutrientes. (Mahan LK, Raymond JL, editores. Krause’s Food & The Nutrition Care Process. Fourteenth edition. St. Louis, Missouri: Elsevier, 2017)

Procura satisfazer as necessidades da geração actual sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Significa possibilitar que, hoje e no futuro, as pessoas atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico, e de realização humana e cultural, fazendo ao mesmo tempo um uso razoável dos recursos da Terra, preservando as espécies e os habitats naturais. (Relatório Bruntland, 1987)

É uma medida agregada de todas as formas de ingestão inadequada de alimentos na população, decorrente da deficiência de um ou mais nutrientes, incluindo macro e micronutrientes. (Food and Nutrition Security Working Glossary, FAO, September 2012)
A desnutrição é o resultado da subnutrição, isto é, da ineficiente absorção e/ou do baixo uso biológico dos nutrientes consumidos, que pode advir de um consumo alimentar insuficiente face às necessidades ou de diversas patologias que podem levar a uma absorção reduzida de nutrientes (ex.: infecções repetidas, diarreias, má absorção intestinal).

Ingestão total combinada de alimentos (de qualquer forma) de todas as fontes por um indivíduo. (Food and Nutrition Security Working Glossary, FAO, September, 2012)

Com baixo impacto ambiental, que contribui para a segurança alimentar e nutricional da população, assim como para o seu estado de saúde, tanto no presente como no futuro.

Estado fisiológico de um indivíduo que resulta da relação entre a ingestão e os requisitos de nutrientes e a capacidade do corpo de digerir, absorver e usar esses nutrientes. (Food and Nutrition Security Working Glossary, FAO, September, 2012)

Caracteriza-se por uma sensação desconfortável ou dolorosa, causada pelo consumo insuficiente de alimentos. (Evaluation of FAO’S Role and Work in Nutrition, 2004)
É determinada pela falta de nutrientes necessários ao organismo (ex.: proteínas, energia, vitaminas e minerais) para uma vida produtiva, activa e saudável. Pode ser de curto prazo (fome aguda) ou um problema de longo prazo (fome crónica).
Pode resultar da ingestão insuficiente de alimentos ou da incapacidade de absorção dos nutrientes necessários, podendo causar sintomas ligeiros ou evoluir para patologias agudas ou crónicas.

Situação em que não há acesso seguro a uma quantidade suficiente de alimentos para ter um crescimento e um desenvolvimento normais ou um bom estado de saúde, que permita levar uma vida activa e saudável. Em termos de período de duração, pode haver uma situação de insegurança alimentar crónica (quando ocorre no tempo de forma continuada como resultado de situações de extrema pobreza e completa incapacidade de acesso a alimentos), ou insegurança alimentar aguda – ou transitória (quando ocorre por um curto período de tempo em consequência, por exemplo, de adversidades climáticas como secas e inundações ou de outros problemas sociais, políticos ou económicos, como conflitos, guerras, etc.). A prevalência da fome é uma manifestação extrema da insegurança alimentar, mas nem todas as pessoas em situação de insegurança alimentar estão em situação de fome, dado que existem vários factores que contribuem para os diferentes níveis de insegurança alimentar.
Por outro lado, a insegurança nutricional está relacionada com o aporte insuficiente de nutrientes, de acordo com a composição nutricional dos alimentos consumidos, com o acesso e a ingestão inadequados destes nutrientes ao nível do agregado familiar e dos indivíduos, e com a forma como os nutrientes são absorvidos pelo organismo.

Refere-se a todos os desvios da nutrição adequada, incluindo a desnutrição e a hipernutrição (sobrenutrição), resultante da inadequação de alimentos ou excesso de alimentos, em relação às necessidades ou à doença. (Food and Nutrition Security Working Glossary, FAO, 2012)

Conjunto de processos pelos quais um organismo utiliza os componentes dos alimentos (nutrientes) através do metabolismo para manter a integridade estrutural e bioquímica das células, garantindo a sua viabilidade e renovação.
(Diet, Nutrition, and Cancer. National Research Council (US) Committee on Diet, Nutrition, and Cancer. Washington (DC): National Academies Press (US), 1982)

Componente do alimento que é absorvido e usado pelo organismo para o crescimento, reparação de tecidos, protecção contra doenças e obtenção de energia.
(FAO, http://www.fao.org/faoterm/en/)

Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. (FAO, http://www.fao.org/faoterm/en/)

“Quando as pessoas têm, de forma permanente, acesso físico e económico a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para satisfazer as suas necessidades nutricionais e preferências alimentares, a fim de levarem uma

vida activa e saudável”. (Plano de Acção da Cimeira Mundial da Alimentação, FAO, 1996)
É composta por quatro dimensões principais: a disponibilidade (quantidade suficiente de alimentos para atender às necessidades dos indivíduos); o acesso (a capacidade dos indivíduos para adquirirem alimentos apropriados e garantirem uma dieta nutritiva por meio de recursos adequados); o consumo e utilização (cumprimento dos requisitos nutricionais mínimos para que todas as necessidades fisiológicas sejam satisfeitas); estabilidade (acesso permanente, estabilidade da oferta, abastecimento e consumo). (FAO, The State of Food Insecurity in the World, 2006)

Ausência ou presença, em níveis aceitáveis e seguros, de contaminantes, adulterantes, toxinas naturais ou qualquer outra substância susceptível de prejudicar a saúde de maneira aguda ou crónica. Garantia de que o alimento não causará danos no consumidor quando preparado e/ou consumido de acordo com o uso a que se destina. (FAO, http://www.fao.org/faoterm/en/)

Ingestão de alimentos superior ao necessário, podendo originar um consumo em excesso de energia e de nutrientes. Poderá resultar em excesso de peso e obesidade.

Ingestão de alimentos insuficiente, ou absorção insuficiente de alimentos, para satisfazer, de forma contínua, as necessidades energéticas e nutricionais dos indivíduos. Poderá resultar em desnutrição aguda ou crónica.

Consiste em práticas que permitem garantir os direitos do homem, satisfazendo as necessidades presentes e futuras, sem causar danos irreversíveis no ecossistema e sem comprometer o futuro das gerações vindouras. O conceito de sustentabilidade, multidimensional, engloba a integridade ambiental, o bem-estar social, a resiliência económica e a boa governação. (FAO, 2010)

Presença de factores que colocam as pessoas em risco de sofrerem insegurança alimentar ou malnutrição, incluindo factores que afectem a sua capacidade de resposta.