Grandes projectos são feitos com grandes pessoas: consulte aqui as oportunidades.

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IDF e FRESAN unem-se em projecto-piloto de combate à desertificação

Huíla: o Polígono Florestal da Humpata acolheu, a 23 de Janeiro, o lançamento oficial do Projecto de Reflorestação através de Bolas de Sementes, numa cerimónia presidida por Tânia Santos, directora provincial do ambiente, Cristina Quintas, chefe de departamento do Fomento Florestal do IDF – Instituto de Desenvolvimento Florestal, e Nuno Sampaio, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da República Portuguesa.

Este projecto-piloto, desenvolvido em parceria entre o IDF e o Programa FRESAN (iniciativa do Governo de Angola financiada pela União Europeia), produziu e dispersou mais de meio milhão de bolas de sementes em municípios estratégicos nas províncias do Cunene (Cuanhama e Curoca), da Huíla (Chicomba, Gambos e Humpata) e do Namibe (Bibala, Moçâmedes e Virei). Estas regiões, fortemente afectadas pelas alterações climáticas, são o foco desta iniciativa que visa reflorestar áreas seleccionadas e aumentar a resiliência ambiental e social das comunidades locais.

“As florestas têm um valor social muito grande,” destacou Cristina Quintas, referindo-se à importância que estas áreas têm para o sustento das populações rurais, num país onde apenas 2% do território é ocupado por floresta húmida. “As florestas oferecem alimentos de graça para o sustento das famílias rurais, oferecem plantas com propriedades medicinais, daí a importância do lançamento deste projecto de bolas de sementes” explicou, elogiando ainda a componente formativa do projecto, que permitiu reforçar as capacidades de 19 técnicos (16 homens e três mulheres) do IDF, dos gabinetes provinciais do ambiente, dos gabinetes provinciais da agricultura e das administrações dos municípios-alvo no método de reflorestação com bolas de sementes.

Tânia Santos realçou o impacto positivo da iniciativa, que arrancou com a colecta e a selecção de sementes de cinco espécies nativas (acácia nilótica, acácia álbida, mopane, brachystegia e julbernardia) nas três províncias. “Este projecto traz uma série de benefícios. O primeiro é a formação e a capacitação, já que a própria comunidade foi envolvida desde a selecção das sementes até à produção das bolas. O segundo é a sustentabilidade, que é onde queremos de facto focar-nos, para garantir uma taxa positiva de germinação das sementes e, assim, promover a resiliência e o combate às alterações climáticas.”

Nuno Sampaio salientou também a importância da floresta, fundamental para a existência de água e de produtos essenciais à vida das comunidades. “Estou honrado por poder dizer que também atirei a minha semente (…) e que as sementes que lançámos hoje continuem a ser lançadas amanhã e depois. Que estas sementes dêem frutos, e que os frutos sejam também o desenvolvimento da vossa comunidade”.

Por sua vez, o embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, considerou a actividade de dispersão de bolas de sementes – que envolveu a comunidade e alunos do Instituto Agrário do Tchivinguiro – “muito gratificante”. Adiantou que está “convencido e convertido aos méritos do FRESAN. Este Programa tem feito a diferença no terreno, junto das comunidades. Tem feito a diferença pelo envolvimento e parcerias com múltiplos parceiros e, sobretudo, o Governo de Angola, através dos Governos provinciais e administrações municipais”.

A cerimónia contou ainda com a presença de Pedro Oliveira, vice-presidente do Camões, I.P.; Miguel Girão de Sousa, adido para a Cooperação; e Roberto Floria, secretário-geral da administração municipal da Humpata, em representação da administradora municipal Rita Adelina Soma Miranda.

O projecto-piloto prossegue agora com a fase de monitorização, durante a qual será avaliada a eficiência e a eficácia do método de reflorestação através de bolas de sementes dispersas em localidades com diferentes condições edafo-climáticas (relativas à influência dos solos nos seres vivos, em particular nos organismos do reino vegetal). Este processo vai permitir ajustar e aperfeiçoar a abordagem, com vista à sua replicação em outras regiões. Espera-se que os beneficiários e os intervenientes nesta iniciativa reconheçam a sua relevância e possam aplicá-la em futuros projectos ou actividades de carácter ambiental.

Antes da cerimónia realizou-se um encontro de cortesia com o governador da Huíla, Nuno Bernabé Mahapi, que destacou o impacto positivo do FRESAN na província. “O trabalho que o FRESAN está a realizar é de facto importante. Para além das acções em campo, esta iniciativa contribui também para adquirirmos conhecimento conjunto, essencial para enfrentar os desafios das alterações climáticas”.

No decorrer do dia a comitiva deslocou-se a Bata-Bata, na Humpata, para visitar as cisternas-calçadão, uma tecnologia social adaptada às condições do semi-árido. Estas infra-estruturas cilíndricas, cobertas e parcialmente enterradas, captam e armazenam águas pluviais/da chuva através de um calçadão, garantindo uma fonte segura e sustentável de água para as comunidades.

As cisternas-calçadão, situadas em comunidades como Bata-Bata, beneficiam de forma directa cerca de 8.000 pessoas no município da Humpata. Foram construídas no âmbito do Projecto de Apoio à Resiliência para a Mitigação dos Efeitos da Seca (PARMES), implementado pela organização não governamental NCA – Norwegian Church Aid em parceria com a ADRA – Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente, e subvencionado pelo FRESAN/Camões, I.P. O foco principal desta iniciativa é o abastecimento de água para consumo humano, reforçando a resiliência das populações face à seca, tendo sido construídas cerca de 100 cisternas-calçadão.

Data: 27 de Janeiro de 2025

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