Fonte: Angop (27/02/2024)
Xangongo – Mil e 504 famílias de 30 comunidades rurais dos municípios de Ombadja e Cuvelai, província do Cunene, beneficiaram, nos últimos quatro anos, de formação técnica sobre produção agrária e manuseamento correcto dos instrumentos de trabalho, numa acção da organização não governamental ‘Codespa’.
A acção, enquadrada no Projecto de Fortalecimento de Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional (FRESAN), tem por objectivo ajudar na mitigação da carência de alimentos da população, face a situação das mudanças climáticas que se regista nessa província.
Orçado em 777 mil 778 euros, o projecto foi executado a nível das comunas de Calonga e Mukolomngodjo (Cuvelai), Naulila, Humbe e Xangongo (Ombadja), segundo uma nota de imprensa a que a ANGOP teve acesso esta terça-feira.
De acordo com o documento, a formação dirigida aos camponeses visou reforçar as capacidades produtivas agrícolas , mediante a introdução de culturas resistentes à seca, multiplicação rápida de propágulos de batata doce, estaca de mandioca, combate de pragas , irrigação e sistema de armazenamento de sementes.
O objectivo é fazer com que os agricultores familiares integrem, rapidamente, no sistema produtivo e nutricional, mediante ao cultivo de outros produtos, como hortaliças, grãos, leguminosas e tubérculos.
Paralelamente à capacitação contínua dos produtores, o projecto inclui também a distribuição de meios e insumos agrícolas, de modo a garantir a sustentabilidade e promover a resiliência e segurança alimentar das comunidades.
A propósito, o director do gabinete da Agricultura no Cunene, Carlos Ndanyengondunge, enalteceu as valências do sistema agrário para melhoria da segurança agrícola e nutricional das famílias.
Disse que o mesmo contribuiu para que os beneficiários tenham maior resiliência perante as alterações climáticas, através da adopção de boas práticas agrícolas, que devem ser replicadas nas comunidades para o alcance da segurança alimentar e nutricional e excedentes para a comercialização.
Carlos Ndanyengondunge ressaltou ainda as acções desenvolvidas com foco no trabalho em novas tecnologias, acompanhado com apoio e distribuição de equipamentos de rega, como moto-bomba e sistema de irrigação gota-a-gota para facilitar o aproveitamento das águas dos rios, assim como o ensaio das 10 variedades de mandioca.
Esse ensaio, avançou, realizado em parceria com o Instituto de Agricultura de Angola (IAA), vai possibilitar avaliar as variedades que melhor se adaptaram ao meio ambiente e qualidade do solo, visando a criação de fonte alternativa de produção.
Por seu turno, o administrador adjunto de Ombadja, Fernando Wandalika, agradeceu o apoio dos parceiros na implementação do projecto na circunscrição, que vai permitir aumentar a capacidade produtiva das famílias.
Referiu que a situação da segurança alimentar e nutricional das comunidades locais é fundamental, face a situação climática.
Lançado em 2018, o FRESAN tem o valor global de 64 milhões de euros, financiado pela União Europeia, dos quais 48,6 milhões sob gestão do Instituto Camões.
A iniciativa faz parte de um esforço conjunto da União Europeia, Instituto Camões e do Governo de Angola, para promover a sustentabilidade da agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, sobretudo em comunidades.
O mesmo tem como o objectivo contribuir para a redução da fome, pobreza e vulnerabilidade à insegurança alimentar e nutricional, através do fortalecimento sustentável da agricultura familiar, nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.
Com o prazo de execução até Agosto de 2025, o projecto está a intervir em quatro componentes temáticas, nomeadamente a agricultura familiar sustentável, melhoria da nutrição e acesso à água, reforço institucional e o ensaio clínico de pesquisa sobre desnutrição crónica. FI/LHE/QCB