Ondjiva – O vice-governador para o sector Político, Social e Económico da província do Cunene, Apolo Ndinoulenga, destacou a importância do uso das estações meteorológicas automáticas, para a produção agrícola, face aos fenómenos das alterações climáticas que ocorrem no sul de Angola.
O vice-governador fez esta afirmação esta quinta-feira, no encontro de divulgação dos primeiros resultados das estações meteorológicas automáticas e dos boletins agroclimáticos, instalados nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe, no âmbito do programa de Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN).
Segundo o responsável, os equipamentos instalados são ferramentas necessárias e indispensáveis para avaliação do clima e obtenção de informações para as comunidades sobre a ocorrência de fenómenos naturais.
“Estas estações instaladas proporcionarão ao INAMET, capacidade técnica para medir variáveis meteorológicas como temperatura, chuva, pressão atmosférica, radiação solar, vento, entre outros”, sustentou.
Esclareceu que o Cunene é uma região semi-árida e caracterizada pela deficiência hídrica com imprevisibilidade pluviômetros, que ao longo dos anos criam períodos de estiagem, o que dificulta o desenvolvimento da agricultura e da pecuária, e consequentemente contribuir para agravar a fome e a pobreza no seio das famílias.
Argumentou que os municípios do Curoca, Cahama e parte de Ombadja foram os que menos chuvas registaram nos últimos tempos, agravando os níveis de insegurança alimentar das populações.
Neste sentido exortou às autoridades administrativas e comunidades agras pastoris no sentido de tirarem maior proveito das informações divulgadas através dos boletins,visando a adequação das culturas e a mitigação do impacto das alterações climáticas na região.
Por seu turno, o coordenador do Instituto Português de Mar e Atmosfera, Ricardo Deus, disse que o projecto tem impacto no sector agro-pecuário na região sul, que ao longo dos quatro anos de execução tem trazido um conjunto de indicadores informativos, que servirão de apoio a questões agrícola, de modo a melhorar as culturas.
Ricardo Deus ressaltou as vantagens das plataformas digitais cuja finalidade é a realização de estudos exaustivos para uma melhor compreensão das alterações climáticas, que servem de apoio não só aos agricultores, mas também aos órgãos decisórios.
Já o coordenador do FRESAN no Cunene, Juan Molina referiu que a plataforma de monitorização agroclimática para o Cunene, Huíla e Namibe, permite monitorar e produzir boletins anuais a ser difundida aos agricultores, para uma melhor gestão da informação e segurança alimentar e nutricional.
Fez saber que o programa permitiu a instalação em finais de 2022, de seis estações nas três províncias, nomeadamente Curoca e Ombadja (Cunene), Gambos e Chicomba (Huíla) Bibala e Moçâmedes (Namibe),para auxiliar a rede existente do INAMET.
Lançado em 2018, o Fresan tem o valor global de 64 milhões de euros, financiado pela União Europeia, destes 48,6 milhões sob gestão do Instituto Camões.
A iniciativa faz parte de um esforço conjunto da União Europeia, Instituto Camões e o Governo de Angola, para promover a sustentabilidade da agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, sobretudo em comunidades.
O mesmo tem como o objectivo contribuir para a redução da fome, pobreza e vulnerabilidade à insegurança alimentar e nutricional, através do fortalecimento sustentável da agricultura familiar, nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.
Com o prazo de execução até Agosto de 2025, o projecto está a intervir em quatro componentes temáticas como a agricultura familiar sustentável, melhoria da nutrição e acesso à água, reforço institucional e o ensaio clínico de pesquisa sobre desnutrição crónica.FI/LHE/ASS