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El-Niño vai aumentar os períodos de seca no Sul de Angola

O El-Niño regressou e traz na bagagem más notícias. Este fenómeno de interacção oceano-atmosfera afecta o clima regional e global, bem como a circulação geral da atmosfera, o que leva a anos de secas severas, mas também de chuvas intensas, dependendo da região do globo. Espera-se, por isso, que durante a época das chuvas 2023/24, devido à previsão de intensificação do El-Niño, ocorra uma redução da precipitação e um aumento da temperatura nas regiões do Sul de África, que poderão englobar determinadas regiões do Sul de Angola, como as províncias do Cunene, da Huíla e do Namibe, explicam o IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera e o INAMET – INAMET – Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica num artigo na Plataforma de Monitorização Agro-Climática elaborado com o apoio do FRESAN (Programa financiado pela União Europeia e co-gerido pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua).

De forma cíclica, durante a influência deste fenómeno climático natural – que ocorre irregularmente em intervalos de dois a sete anos – há um aquecimento anómalo das águas superficiais do sector centro-leste do Oceano Pacífico, com predominância na sua faixa equatorial, sendo por isso comumente associado ao aumento das temperaturas a nível mundial. Por outro lado, de acordo com o IPMA e o INAMET, “os ventos alíseos tornam-se menos intensos ou mudam a sua direcção em todo o sector central do Oceano Pacífico, resultando numa diminuição da ressurgência de águas profundas e na acumulação de água mais quente que o normal na costa oeste da América do Sul, diminuindo a produção de pescado”.

O El-Niño tem consequências para todo o planeta, e África não é excepção. “Períodos de secas intensas no continente africano estão igualmente relacionadas com o aparecimento do fenómeno El-Niño, daí a sua importância nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe”, sublinham, reiterando que, apesar de não existirem dois El-Niño iguais e, por isso, dados suficientes para fazer leituras definitivas, as “actuais previsões apontam, com uma elevada probabilidade, que este El-Niño possa atingir um valor do índice Nino3.4 igual ou superior a 1.5º C, o que poderá colocar este evento no topo dos mais intensos desde 1950”.

É ainda referido que “meses com forte El-Niño (Nino3.4 > 1.0) tendem a registar valores negativos de anomalias de precipitação e valores positivos de anomalia de temperatura em grande parte do Sul de África, prejudicando bastante a agricultura da região”. Em Angola, “o impacto da precipitação não é tão óbvio, existindo regiões mais afectadas por ausência de precipitação no Sul e excesso de pluviosidade no Norte”. Ou seja, este fenómeno meteorológico pode ser associado ao aumento de situações de seca em algumas regiões do país, e ao aumento de inundações noutras.

Data: 8 de Setembro de 2023