Grandes projectos são feitos com grandes pessoas: consulte aqui as oportunidades.

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União Europeia e Camões, I.P. apresentam 2 campos experimentais Vallerani no deserto do Namibe

No âmbito do FRESAN (Programa do Governo de Angola financiado pela União Europeia), o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. apresentou dois campos experimentais no Namibe – um na Vitumba II, no município do Virei, e o outro no Giraúl de Cima, Moçâmedes –, onde foi utilizado o sistema Vallerani, que não requer irrigação e tem em conta a estação das chuvas.

O Programa FRESAN – Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola, inserido na parceria bilateral entre a União Europeia e o Governo de Angola, visa reduzir a fome, a pobreza e a vulnerabilidade das comunidades afectadas pela seca no sul do país nas províncias do Cunene, da Huíla e do Namibe. Com financiamento da União Europeia, o FRESAN é co-gerido e implementado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.; a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura); o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; e o Vall d’Hebron (projecto CRESCER).

Os campos experimentais fazem parte do projecto TransÁgua: Valorização das boas práticas dos pastores transumantes em gestão dos recursos hídricos e adaptação às mudanças climáticas no Namibe. Inserido no Programa FRESAN, o projecto TransÁgua é implementado nos municípios do Virei e da Bibala pela COSPE (Cooperazione per lo Sviluppo dei Paesi Emergenti) em parceria com: o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) do Namibe; a Associação Construindo Comunidades (ACC); a Associação Juvenil Ambiente e Cultura (AJAC); a Associação Ovatumbi de Criadores Tradicionais de Gado; e o Departamento de Ciências e Tecnologias Agrícolas, Alimentares, Ambientais e Florestais (DAGRI) da Universidade de Florença.

Os dois campos totalizam 105 hectares (ha): 100 ha em Vitumba II e 5 ha no Giraúl de Cima. Com o recurso a uma charrua Delfino 3S, concebida por Venanzio Vallerani, foram abertas microbacias com 5,5 metros de comprimento, em que cada microbacia levou estrume (recolhido nas comunidades em volta). Desde Dezembro de 2022 até hoje foram plantadas mais de 27.000 mudas produzidas pelo IDF do Namibe no quadro do projecto TransÁgua, com as sementes recolhidas nas comunidades do Virei no sentido de garantir a propagação de espécies endémicas. Vitumba II recebeu 24.000 mudas, entre prosopis, parkinsonia e albida (árvores e arbustos que prosperam em solos pobres em regiões de clima árido), consorciadas com as mesmas sementes; e Giraúl de Cima recebeu 3.375 mudas de prosopis. A metodologia Vallerani dispensa rega, uma vez que as microbacias retêm a humidade, e o desenvolvimento da plantação é feito na estação das chuvas. Com uma abordagem participativa e o envolvimento activo da população local, o sistema Vallerani combina assim técnicas tradicionais de captação de água da chuva e mecanização para restaurar o solo em grande escala, em que a velocidade e a dimensão da intervenção podem impulsionar uma mudança em todo o ecossistema: ao aumentar a quantidade de água no subsolo devido a uma maior humidade, o que leva à disponibilidade de forragem para os rebanhos e na rota da transumância. Se queremos mais chuva, devemos plantar mais árvores – com a tecnologia e as plantas adequadas.

O TransÁgua, com um orçamento total de 1.669.373,40 euros, tem por objectivo aumentar a resiliência das comunidades agro-pastoris do Virei e da Bibala face aos efeitos das alterações climáticas através de uma melhor gestão dos recursos hídricos e forrageiros. O projecto abrange 200 criadores tradicionais de gado (grupos étnicos Mucubal, Muimba, Nyanema); 200 agro-pastores das associações agrícolas; 400 mulheres/criadoras de cabras e galinhas; 200 jovens agro-pastores de dez comunidades dos dois municípios.

Graças ao TransÁgua as comunidades pastoris do Virei e da Bibala beneficiam de mais fácil acesso aos recursos hídricos nos corredores de transumância, enquanto aumentam a disponibilidade de alimentos e de forragem através da adopção de práticas agroecológicas. Tal envolveu a realização de actividades como:

  • análise dos territórios com as autoridades tradicionais, definição dos intervenientes e líderes das comunidades pastoris;
  • formação para os/as facilitadores/as do percurso organizacional de cada comunidade;
  • organização de grupos de pastores de diferentes etnias (mulheres e homens em separado) para a criação de uma visão partilhada do presente e do futuro da sociedade pastoril;
  • construção das plataformas municipais e dos planos de gestão do território, assim como o desenvolvimento de medidas de mitigação e de adaptação às alterações climáticas;
  • identificação participativa das zonas e da tipologia de infra-estruturas hídricas a ser realizadas;
  • definição, dimensionamento e projecto das infra-estruturas hídricas e das tecnologias mais apropriadas em função das características das zonas identificadas;
  • suporte aos pastores/pastoras na construção/reabilitação e na gestão das infra-estruturas hídricas nos corredores de transumância e na proximidade das comunidades;
  • criação, desenvolvimento de capacidade ou reactivação de grupos de gestão da água;
  • planeamento participativo e implementação das acções finalizadas para reabilitação dos solos, bem como o incremento de recursos forrageiros nos arredores das comunidades e ao longo das rotas de transumância;
  • promoção de práticas e culturas para aumentar a resiliência das comunidades face aos efeitos da seca.

Data: 01 de Março de 2023