A construção de cisternas-calçadão na localidade de Oshauyo, município de Ombadja, promove a igualdade de género e muda a vida de Adelaide Fernanda Camanda, no âmbito do PARA-CUNENE; o Projecto de Apoio à Redução da Insegurança Alimentar no Cunene é subvencionado pelo FRESAN/Camões, I.P. e implementado pelas organizações não governamentais NCA – Norwegian Church Aid/ADRA – Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente.
Adelaide Camanda ainda é jovem, mas já é tida como uma figura incontornável em Oshauyo, na comuna de Ombala-Yo-Mungo. Solteira, mãe de três crianças, pratica actividades agrícolas que aprendeu desde pequena com os pais, e vê na profissão de pedreira uma forma de sustentar os filhos. Mas esta referência no lugar que a viu nascer não se fica por aqui. Cativou os membros da comunidade desde o primeiro momento com o seu envolvimento no processo de mobilizar e contribuir para escavar os terrenos para a construção de cisternas-calçadão na localidade, e hoje representa Oshauyo neste processo.
Com a sua forma educada e carismática, Adelaide Camanda liderou as sessões de mobilização das famílias de Ombala-Yo-Mungo; e traduziu para o idioma local as mensagens a reter, o que facilitou o seu enquadramento nas brigadas de pedreiros. “Acredito que sou uma mulher capaz de ajudar a minha comunidade na mudança de comportamentos. Envolvi-me de corpo e alma neste processo”, declara.
As 80 cisternas-calçadão previstas pelo PARA-CUNENE visam minimizar os efeitos da falta de água nos municípios de Ombadja e Cahama. Estas infra-estruturas – construídas pelos membros das comunidades através da modalidade cash for work (dinheiro por trabalho) – vão permitir captar e reter águas pluviais ou, nos casos de seca extrema, armazenar água abastecida por camiões.
Enquanto uma das beneficiárias da modalidade cash for work promovida pelo Programa FRESAN, Adelaide Camanda partilha como as suas condições de vida melhoraram: “o dinheiro que recebo na construção dos tanques vai ajudar-me a sustentar os meus filhos e alguns membros da minha família. É algo que veio mesmo a calhar, olhando para as dificuldades financeiras que tenho passado nestes últimos anos”.
Ao se tornar um exemplo para as mulheres da sua localidade, com o seu espírito de liderança e a sua capacidade de influenciar outras a lutarem pelos seus objectivos, sobretudo os direitos das mulheres, Adelaide Camanda personifica o desafio. “Falei o seguinte de mim para mim: se os homens vão construir estes tanques, por que não ser pedreira também? Tenho motivação. Hoje sou uma mulher pedreira, e vou incentivar outras mulheres também.”
Data: 30 de Janeiro de 2023