Grandes projectos são feitos com grandes pessoas: consulte aqui as oportunidades.

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“Tenho agora muita atenção em como tratar a água ou com cuidados de higiene” – Maria Ndapandula, de Okamudi

Maria Ndapandula, 37 anos de idade, dedica-se à agricultura e ao comércio. Oriunda da aldeia de Okamudi, comuna de Xangongo, em Ombadja, no Cunene, Maria recorre a serviços que a protegem e promovem a saúde dos três filhos. Consultas pré-natais, vacinação e vigilância do estado nutricional são seguidos pacientemente pelo olhar de pais e crianças que se aglomeram junto às estruturas montadas pelos técnicos da organização não governamental CUAMM – Médicos com África e técnicos de saúde municipais.

Maria e os filhos são beneficiários do projecto “Comunidades mais resilientes e melhor nutrição para as mães e as crianças do Cunene”, subvencionado pelo Camões, I.P. no âmbito do Programa FRESAN, implementado pela CUAMM em parceria com a Direcção Municipal de Saúde de Ombadja, o Gabinete Provincial de Saúde e a Diocese de Ondjiva.

“Geralmente acordo às 5h00, preparo a comida do meu marido – que vai para o trabalho muito cedo, pelas 6h00 –, dou comida aos meus três filhos e preparo-os para a escola”, conta Maria Ndapandula, acrescentando que depois segue para ir buscar água na chimpaca (represa de água) mais próxima, pisar o massango para fazer a fuba e preparar o almoço. E em seguida “foco-me em atender no meu kefe (barraca de actividade comercial)”. É assim que Maria e o marido conseguem garantir a compra de alimentos em falta para os filhos.

Contudo, para que a alimentação possa ajudar no desenvolvimento das crianças, Maria sabe que não basta comer. Com a preocupação de garantir que nada falta aos filhos, desloca-se determinada a uma brigada móvel da CUAMM na comuna de Xangongo. Maria é uma das 17.000 mulheres que, em sessões de sensibilização promovidas por parteiras tradicionais, aprendeu sobre nutrição e higiene. “Tenho agora muita atenção em como tratar a água ou com cuidados de higiene, de forma a garantir e a salvaguardar a saúde da minha família”, refere. E aconselha “todas as mães a participarem nas actividades da equipa CUAMM, porque assim como foi e tem sido bom para mim, acredito que pode e será mesmo muito bom para elas também”.

O projecto actua através das brigadas móveis, que levam até junto de 33 comunidades do município de Ombadja serviços de vacinação de rotina (para crianças e mulheres em idade fértil), rastreio nutricional e encaminhamento de casos de desnutrição aguda para as unidades sanitárias. É também promovida a desparasitação de crianças (dos seis aos 59 meses) e de mulheres grávidas, e um serviço de consultas pré-natal com entrega de ácido fólico, ferro, profilaxia de malária e kit alimentar (em casos de desnutrição).

Okamudi, a comunidade de Maria Ndapandula, apesar de humilde e isolada, é o seu “porto seguro”. Com pouca diversificação de produtos agrícolas para além do massango, esta aldeia é um lugar onde os níveis de alfabetização são muito baixos, o que, na opinião de Maria, dificulta o desenvolvimento da área.

Apesar dos problemas económicos que há anos assolam o seu lar, Maria garante como decisivo o momento em que se casou pela igreja. “De lá para cá, foi a coisa mais importante que me aconteceu”, e essa força chega-lhe para não deixar de acreditar. “O meu maior sonho é poder ver um hospital e uma escola com melhores condições aqui na nossa aldeia”, pois “precisamos de uma ajuda muito grande para continuar a trabalhar e a preparar os nossos filhos para a sociedade”.

Data: 13 de Dezembro de 2022