Grandes projectos são feitos com grandes pessoas: consulte aqui as oportunidades.

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Projecto Chitanda promove a agricultura familiar em Chicomba e na Jamba

Promover o encontro entre produtores e redes de comercialização é uma das principais sementes lançadas pelo projecto Chitanda nas comunidades na Huíla apoiadas pelo FRESAN rumo à sustentabilidade. O projecto subvencionado pelo Camões, I.P. no âmbito do Programa FRESAN, no valor de 700.000 euros, foi implementado pela People in Need (PIN) em parceria com a Acção de Solidariedade e Desenvolvimento (ASD) entre 2019 e 2022. O Chitanda visou melhorar a produção, o acesso ao mercado, a renda e a consciência nutricional das comunidades nas comunas do Qué e do Cutenda, no município de Chicomba, e das comunidades na comuna do Dongo, no município da Jamba.

Um dos aspectos diferenciadores do Chitanda face outros projectos subvencionados pelo FRESAN/Camões, I.P. assenta no reforço de capacidades junto dos agricultores – com a organização de grupos de auto-ajuda – no processamento/transformação e na comercialização dos alimentos produzidos nas comunidades. Os equipamentos distribuídos (moageiras, debulhadoras e desfareladoras) são os únicos disponíveis nas comunas, dando-lhes assim maior independência e capacidade de gerar maiores rendimentos.
Em relação ao escoamento dos produtos, o Chitanda entregou motocarros para facilitar o transporte, e em termos da comercialização promoveu eventos de intercâmbio com o sector privado, um dos quais com a empresa QUAVI/UniOne. Assim, deu-se o primeiro passo nas relações que podem vir a ser estabelecidas entre pequenos produtores, fornecedores e distribuidores. Como explica José Vilar, oficial do projecto Chitanda, “o comerciante leva insumos à localidade e compra produtos deles [produtores] de maneira que todos saiam a ganhar”.

Eliseu Abras, gestor do projecto Chitanda implementado pela PIN em Angola, realça como “a entrega das moageiras mudou a vida dos beneficiários, reduzindo as distâncias de viajar para moer a fuba” e “gerando rendas para ajudar noutras necessidades”. Com os avanços na forma de processar o lombi na aldeia de Chavindilika, por exemplo, as agricultoras puderam comprar panos para si e camisas para os maridos.

Ao longo do projecto foi possível testemunhar a autonomia crescente nos membros das comunidades beneficiárias que, com os rendimentos extra, foram aumentando o património colectivo e familiar com a aquisição de bens. São disto exemplo as ECA – Escolas de Campo de Agricultores do Mbeu e do Cutenda, que conseguiram adquirir equipamentos – nomeadamente motobombas e mangueiras – já com os resultados da intervenção do projecto; ou membros das comunidades que têm adquirido gado, como dá a conhecer o agricultor Vasco Andrade.

A destacar também a atenção a grupos vulneráveis (idosos, pessoas com deficiência, grávidas e mães de crianças menores de 5 anos), beneficiados com hortas familiares com o intuito de aumentar a disponibilidade e o acesso a alimentos, por forma a melhorar a sua dieta. As 365 mulheres beneficiadas (grávidas e mães de crianças menores de 5 anos) receberam formação (viveiros, sementeira, compostagem, cobertura e bio-pesticidas), factores de produção (equipamentos e sementes) e acompanhamento por parte dos técnicos. De referir os 120 idosos e pessoas com deficiência apoiados por 30 beneficiários da metodologia cash for work (CfW), de trabalho remunerado em prol da população. Os beneficiários CfW foram identificados em conjunto com a comunidade, sendo muitos deles familiares dos próprios beneficiários. Em relação ao futuro, partilham que as hortas familiares já produzem para consumo e, em alguns casos, até em excedente, permitindo a venda de produtos e a geração de renda.

Para Wilson Cabral, director municipal da agricultura de Chicomba, o ideal em termos de sustentabilidade no apoio a estas comunidades é transformar as suas ECA em cooperativas: “podemos envolver as cooperativas em financiamentos e monitorar essas estruturas”. João Paulo Tavares Chimo, director municipal da agricultura na Jamba, reitera a importância do acompanhamento das comunidades, sobretudo nas questões agroecológicas. “É um projecto que preserva muito o ambiente quando bem acompanhado”, o que “requer meios”.

O projecto Chitanda é subvencionado pelo Camões, I.P. no âmbito do Programa FRESAN, co-financiado pela Embaixada da República Checa em Pretoria, e co-financiado e implementado pela People in Need (PIN) em parceria com a Acção de Solidariedade e Desenvolvimento (ASD).

Data: 7 de Dezembro de 2022