Fonte: Jornal de Angola (19/10/2022)
Namibe prevê produzir mais de 400 mil toneladas de produtos diversos
Namibe prevê produzir mais de 400 mil toneladas de produtos
Um total de 47.827 famílias está catalogado para o processo produtivo deste ciclo agrário para uma área prevista de 40 mil hectares de terra preparados
João Upale
O sector da Agricultura e Pecuária do Namibe vai envolver 47.827 famílias na campanha agrícola 2022/2023, bem como produzir 431.735 toneladas de produtos diversos, numa área de 40 mil hectares disponibilizados, informou o director do Gabinete Provincial. Zonza Puissa indicou estes dados no acto de abertura oficial da campanha agrícola a nível do Namibe, realizado na Cooperativa Tchimina, na povoação do Giraúl de Cima, arredores de Moçâmedes, sob o lema “Agricultura, a base do desenvolvimento económico das famílias”.
Na ocasião, anunciou as acções em curso para a implementação de mudanças do paradigma de investigação, que passam pela introdução de novas técnicas e tecnologias necessárias, viradas ao alto sustento alimentar e uma gestão baseada na abordagem em cadeia produtiva de cereais, leguminosas, tubérculos, hortaliças e frutas, “num período em que a província enfrenta irregularidades quanto à falta da chuva”.
Zonza Puissa informou que para apoiar a presente época agrícola estão previstos entre outros meios 40 toneladas de milho, 25 de massango, 25 de massambala, igual número de semente de sulfato de amónio, de ureia e 200 de adubo composto NPK 12-24-12. Assegurou que, com esta intervenção, o Governo Provincial vai continuar a dedicar as atenções na melhoria e no aumento da produção sustentável dos produtos da cesta básica, para inverter o quadro deficiente que os sectores da agricultura familiar e empresarial vêm registando na oferta de bens alimentares ao mercado nacional.
Os indicadores para a campanha finda 2021-2022 apontam para o registo do surgimento das pragas como a luta absoluta, na cultura de tomate, lagarta dos cartuchos, na do milho, o piolho da cebola, e a pouca ameaça da praga dos gafanhotos, já reduzida significativamente, mas com avultados prejuízos no bolso dos camponeses e agricultores, contou com o envolvimento de 46.570 famílias, tendo resultado um crescimento na preparação de terras, comparando ao ano agrícola anterior.
Na referida campanha foram preparados 22.862 hectares, com uma produção de 246.706 toneladas de produtos diversos, contra as 187.362 toneladas na campanha anterior, registando um crescimento de 31, 7 por cento, dos quais foram produzidos cereais, raízes, hortaliças, leguminosas, frutas e tubérculos.
Vacinação animal
Neste período foram vacinadas 48.594 cabeças de gado bovino contra várias doenças, com registo de crescimento de 5,5 por cento. Quanto à vacinação antirábica, até à presente data, foram imunizados 26.674 animais, entre cães, gatos e macacos, contra os 22.678 do ano anterior, um crescimento de 17.6 por cento. Foram abatidas 1.825 cabeças de gado bovino, 292 de suínos, 866 caprinos e ovinos.
No que to ca à criação de aves, nesta época foram produzidas 25 milhões, 273 mil 895 unidades de ovos, contra os oito milhões 693 mil e 300 ovos do ano agrícola anterior. Quanto ao projecto avícola, foram distribuídos oito mil pintos às diversas cooperativas de famílias camponesas e às pessoas interessadas na produção e criação de aves. Nessa mesma campanha agrícola anterior também foram produzidas em viveiro 123.839 plantas diversas, com 115.365 em relação ao período anterior.
Crédito bancário beneficia nove empresas
Zonza Puissa referiu que está em curso o cumprimento do Edital 03/20 sobre avaliação e os aproveitamentos de terras das concessões agrícolas. Neste quesito, nove empresas familiares foram concedidas o crédito bancário, sendo que as outras 24 ainda aguardam por resultados, uma vez que os processos já estão aprovados.oscercade500outros processos estão sendo avaliados pelo FADA (Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário). Lembrou que um total de 468 famílias beneficiou de formação de capacitação de boas práticas agrícolas, com suporte das ONG no monitoramento dos projectos de reforço da resiliência familiar – Fresan, FAO, World Visison, Srep e tantos outros que actuam nas distintas comunidades da província.
Acrescentou que o Gabinete da Agricultura e Pecuária, conjuntamente com os camponeses e agricultores, vêm efectuando diversas monitorias, formações técnicas e aquisição de fito fármaco (alguns dos quais com preços altos, ameaçando deste modo a economia da província), para o combate dessas mesmas pragas. Como factores de produção, foram disponibilizados, neste ano agrícola, 50 toneladas de milho, 100 moto-bombas, 67 mangueiras de rega, 91 rolos de fita gota-a-gota, 44 pacotes de torneiras liga-liga, bem como 10 toneladas de massango e igual número de massambala e 50 de feijão manteiga.
Foram ainda disponibilizadas 260 toneladas de adubo composto NPK 12-24-12, 20 de ureia e 20 de sulfato de amónio, acrescidos com 2,5 quilogramas de semente de tomate, o mesmo número de toneladas de semente de melancia e 53 unidades de sementes de hortaliças, incluindo alguns materiais de especialidade. O sector prevê produzir ainda, para a campanha agrícola 2022/2023, cerca de 37 milhões, 910 mil unidades de ovos, abater mais de três mil cabeças de gado bovino, 1.200 de suíno e 1.500 de pequenos ruminantes, entre caprinos e ovinos. Calcula em vacinar 150 mil cabeças de gado bovino, produzir em viveiro 250 mil plantas diversas, com particular atenção à produção de mel e vinhos.
Cooperativas preparadas para aumentar as áreas de colheita
João Upale
O secretário da Cooperativa Tchimina para o sector familiar, Eduardo Manuel, revelou estar a controlar cinco cooperativas legalizadas, entre as quais a Tchimina, Muhombo, Tchissongo, Kaluelue e a dos ex-militares. A Tchimina é constituída por 24 membros e não só, trabalhando na força e vontade de melhorar as suas vivências. Disse que as famílias envolvidas ainda têm forças e vontade de trabalhar, combinando com o Programa do Executivo de combate à fome e à pobreza.
Com um total de 57,8 hectares, os camponeses querem produzir milho, tomate, feijão, batata-doce, cebola, entre outras frutícolas e hortícolas. Mas por falta de tractor, moto-bombas e outros instrumentos de trabalho, tem dificultado alcançar o objectivo preconizado, que passa pela melhoria da qualidade de vida daquelas comunidades rurais. Eduardo Manuel aludiu que a cooperativa que dirige controla mais de 380 membros que vivem na condição de vulnerabilidade e solicitou às autoridades de direito a velarem a esse respeito.
O administrador municipal de Moçâmedes, Abel Capitango, reforçou que um dos principais objectivos do Executivo é combater a fome e a pobreza no seio das populações, assegurando que haja acesso e disponibilidade de alimento suficiente e saudável para, paulatinamente, se alcançar o bem- estar das comunidades, destacando o sector agro-pecuário, com um papel fundamental na produção dos alimentos.
“O sector e outros intervenientes no domínio da agricultura, pecuária, florestas e de segurança alimentar, destacando a participação das Organizações Não-governamentais, têm trabalhado para promover o aumento da capacidade produtiva, o melhoramento do sector com novas tecnologias agrícolas , tornando assim a resiliência do sector e das nossas comunidades”, frisou, para quem os números apresentados pelo responsável do sector “faz-nos registar” com agrado que esses esforços conjuntos e com a forte participação das famílias e dos empresários já representa uma produção interna considerável que satisfaz parte das necessidades em alimentos e com reflexos positivos na balança comercial.
“Estamos cientes que ainda temos muito a percorrer neste domínio. É assim que, a nessa campanha, esperamos melhorar a qualificação a todos os níveis, desde a assistência técnica, formação, visando o aumento não só da área de trabalho, como também da produção agrícola e pecuária”, realçou, para enfatizar o início desta campanha agrícola no mês da mulher rural, que tem sido incansável nessa luta de combate à fome e à pobreza, garantindo a estabilidade das famílias e deste modo a estabilidade do país.
Abel Capitango garantiu que o Governo Provincial, à semelhança do que tem feito nas campanhas anteriores, vai continuar a apoiar a actividade agrícola, com acções no domínio do combate à seca, à prevenção e controlo às pragas, disponibilização de fertilizantes, insumos, meios e equipamentos agrícolas, ciente de que todos juntos “venceremos esta luta”.