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Revisão do Sistema de Vigilância Nutricional de Angola reforça papel da saúde na comunidade

A harmonização de instrumentos de trabalho para a recolha e a inserção de dados de nutrição é o grande passo dado pelo Governo angolano, com os parceiros na área da saúde, no Workshop Interprovincial de Consenso Técnico e Formação no Sistema de Vigilância Nutricional, que decorreu entre 4 e 8 de Julho no Lubango, Huíla. Muito participado, este encontro realizado no âmbito do Programa FRESAN (co-gerido pelo Camões, I.P.) resulta na conjugação de 24 recomendações para a actualização do Sistema de Vigilância Nutricional da plataforma DHIS-2/Nutrição, de que sai reforçado o papel da saúde na comunidade.

Os dados do Sistema de Vigilância Nutricional da Plataforma de Informação Distrital de Saúde (DHIS-2) integrados no Sistema de Informação Sanitária (SIS) de Angola deverão reflectir “o trabalho excepcional que o agente comunitário presta à sociedade enquanto elo entre as comunidades e as unidades sanitárias”, afirmou Ketha Francisco, chefe do Departamento de Cuidados Primários de Saúde na Direcção Nacional de Saúde Pública, à margem do encontro. Segundo Georgina Marques, chefe do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística (GEPE), este evento foi muito importante para “a harmonização dos modelos”, permitindo uma uniformização entre a inserção digital dos dados e os modelos físicos de recolha de informação.

Por seu turno, Clementina Silva, coordenadora da equipa técnica nacional do DHIS-2 em Angola (plataforma presente em 164 municípios), agradeceu a “força, entrega, resiliência e persistência que permitiu a realização deste acto tão expectante e com resultados gratificantes para o país e não só”. “Este workshop foi uma grande iniciativa do FRESAN”. Agora “arregacemos as mangas para, juntos e alinhados, prosseguirmos até atingir os resultados concretos desta missão”.

A participação de técnicos em representação das regiões do país permitiu uma intensa troca de experiências durante as exposições e exercícios propostos, bem como alicerçar o trabalho conjunto. Esmeralda Luísa Mwaefokangue, supervisora provincial do Programa de Nutrição no Cunene, referiu que “sairemos daqui a falar a mesma linguagem. Isso implica que teremos todos de fazer a mesma coisa.” Adilson Pedro, supervisor provincial do Programa de Saúde Infantil e Nutrição na Huíla, acrescentou que “foi muito boa a forma como discutimos relativamente ao DHIS-2 e procurámos encontrar soluções para termos uma informação una e viável”.

Quanto aos dados apresentados sobre a desnutrição crónica que Angola enfrenta, para Alberto Chivando, supervisor provincial do Programa de Nutrição no Namibe, “se não prestarmos atenção à desnutrição crónica, não teremos um país saudável”, sendo os primeiros mil dias de vida de uma criança cruciais no trabalho a realizar. Segundo Sofia Rodrigues, perita em nutrição na Unidade de Implementação do Camões, I.P. no Programa FRESAN, “a análise dos indicadores e dos dados recolhidos de saúde materno-infantil, com enfoque na nutrição, permitirá uma maior padronização dos mecanismos de gestão da informação em rotina”.

O grupo técnico multidisciplinar é constituído por técnicos e formadores do Ministério da Saúde/Direcção Nacional de Saúde Pública (MINSA/DNSP), do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística (GEPE) e do Gabinete de Tecnologias e Informação (GTI/DHIS-2); chefes de saúde pública, supervisores do Programa de Saúde Infantil e Nutrição, e técnicos de estatística/gestão de dados a nível provincial e municipal das províncias do Cunene, da Huíla e do Namibe; supervisores do Programa de Nutrição das províncias de Benguela, do Huambo e de Malange; e parceiros internacionais, nomeadamente o Camões, I.P. e Vall d’Hebron/CRESCER do FRESAN; a UNICEF, o PAM – Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, e a

World Vision. Esta acção de reforço institucional do Programa FRESAN conta com o apoio técnico da Universidade do Porto.

Data: 15 de Julho de 2022