Está a decorrer o processo de certificação das Escolas de Campo de Agricultores (ECA), criadas no âmbito do Programa FRESAN – Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (financiado pela União Europeia e co-gerido pelo Camões, I.P.). Neste sentido, o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) iniciou as visitas às ECA na província da Huíla para diagnosticar e verificar a sua implementação, tendo já sido validadas 25 Escolas de Campo.
O FRESAN/Camões, I.P. tem vindo a apoiar a criação e o funcionamento de ECA e de Escolas Agro-pecuárias (ECAP), onde capacita camponeses para a aplicação de tecnologias e modelos de produção resistentes às condições climáticas. Num contexto de secas recorrentes que afectam as comunidades do Sul de Angola, o FRESAN/Camões, I.P., em articulação com as organizações não governamentais subvencionadas no âmbito do Programa, criaram já 144 Escolas de Campo nos 17 municípios de intervenção nas províncias do Cunene, da Huíla e do Namibe. O objectivo é, até Agosto de 2024, subvencionar a implementação de 300 ECA. Os membros das ECA, para além de aprenderem novas técnicas agrícolas que lhes permitem melhorar a produção, são apoiados com materiais agrícolas, sistemas de rega, distribuição de sementes, desenvolvimento de competências de gestão e formação sobre diferentes temáticas relacionadas com a gestão da nutrição da comunidade. Desde Abril do corrente ano foram avaliadas e validadas 25 ECA nos municípios da Humpata, Quilengues, Jamba e Chicomba.
Alípio Oliveira, perito de subvenções no FRESAN/Camões, I.P., refere que, “das 96 ECA a serem validadas na Huíla, até agora foram avaliadas 2 na Bata-Bata, 3 no Impulo, 4 no Dongo, 16 no Qué e Cutenda”. Durante a visita constatou-se que as ECA validadas estão a testar a produção de cereais como o milho, o massango, a massambala, para além de soja, feijão, couve, repolho, tomate e cebola. Nestas ECA incentiva-se ainda a introdução de culturas resilientes que façam frente aos desafios de produção agrícola na região (como batata-doce e mandioca).
A validação das ECA é um processo importante para a verificação do funcionamento das Escolas de Campo e a adopção de futuras medidas de melhoria junto dos agricultores das 17 províncias de intervenção. Para validar uma ECA são analisados aspectos relacionados com a organização comunitária, a capacitação produtiva, os ciclos de produção já realizados e a dinâmica da apropriação dos conhecimentos e tecnologias transmitidos. O processo visa comprovar algumas exigências de carácter obrigatório, nomeadamente ter um campo de experimentação e um jango (espaço tradicional usado para encontros comunitários), o registo do número total de membros, apresentar a composição da comissão de gestão e garantir que está a funcionar em pleno, reportar a produção de culturas, e garantir o fluxo na caixa de poupança da ECA. A metodologia prevê que as ECA possam, através da venda de produtos agrícolas, arrecadar fundos para financiar a aquisição de materiais agrícolas de forma a promover a sustentabilidade das mesmas no futuro.
Ainda durante a visita às ECA, Alípio Oliveira verificou com agrado a criação de fundos que permitiram, “a compra de motobombas e mangueiras de rega, de cabeças de gado para tracção e de sementes na sua generalidade”. O perito acrescentou ainda que o impacto mais visível é a adesão às ECA, pois “antes eram poucos os que se predispunham a participar, e hoje existem ECA que têm mais do dobro de membros, tendo sido até aconselhados a criarem outras ECA, porque grande parte das comunidades viram o potencial não só de produção, mas também de ganhos financeiros”.
O processo de validação, que arrancou em Abril na província da Huíla, vai se estender no terceiro trimestre deste ano às províncias do Cunene e do Namibe.
Data: 11 de Julho de 2022