Grandes projectos são feitos com grandes pessoas: consulte aqui as oportunidades.

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Combate à fome através do ensino da agricultura

Fonte: Economia & Mercado (AO) | Imprensa | Sebastião Vemba (01/06/2022)

Combate à fome através do ensino da agriculturaA ser desenvolvido no sul de Angola, o programa FRESAN, avaliado em 65 milhões de Euros, o equivalente a 29,79 mil milhões de Kz ao câmbio actual de 458,35 Kz por Euro, será implementado através de vários projectos de impacto social e económico, no período de 2018 a 2024.Os rastos de fome e pobreza são visívEis nos arredores do Lubango, província da Huíla, para onde centenas de famílias se deslocam para escapar da fome e seca no interior. Entretanto, o combate a fome e a pobreza vai registando tímidos avanços, em resultado de projectos em curso, alguns deles inseridos no Programa de Fortalecimento da Resiliên-cia e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN), da responsabilidade do Governo, em parceria com o União Europeia. O programa está a ser implementado nas províncias da Huíla, Cunene e Namibe, onde estão em curso vários projectos e iniciativas, como é o caso das Escolas de Campo de Agricultura (ECA). No início de Maio, a Economia & Mercado fez parte de uma comitiva de imprensa que acompanhou a embaixadora da União Europeia (UE) em Angola, jeannette Seppen, e a representante máxima da FAO no país, Gherda Barreto, em visita ao município da Chibia (Huíla), onde as Escolas de Campo de Agricultores (ECA) receberam da UE os respectivos Fundos de Arranque, para poderem reforçar a resiliência alimentar e nutricional junto das comunidades locais.No âmbito dessa visita, foi inaugurada a ECA Mulheres do Jau, num evento que contou com a presença de outros parceiros, como a coordenadora-geral do Camões, I.P., Patrícia Carvalho, representantes do Governo Provincial da Huíla, bem como de organizações da sociedade civil e autoridades tradicionais. Entretanto, dez dias depois, de acordo com uma nota a que tivemos acesso, arrancou, igualmente, a ECA Otchana Tchehupilo na comuna de Onkombo 2, município da Cahama, província do Cunene, onde também esteve a embaixadora da UE em Angola, a representante máxima da FAO, do Ministério da Agricultura e Pescas (MINAGRIP), do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), do Governo Provincial do Cunene e da Administração Municipal da Cahama.Agricultura amiga do ambienteAinda segundo a nota, as duas ECA incluem-se nas 225 a implementar pela FAO nas províncias do Cunene, da Huíla e do Namibe, no âmbito do Programa FRESAN, financiado pela UE. A ECA Otchana Tchehupilo, constituída por 60 mulheres e cinco homens, numa área de dois hectares, está a implementar a nova metodologia “xitaca”, com uma abordagem agroecológica integrada e sustentável. A representante da FAO em Angola, Gherda Barreto, explicou que “as ECA-Xitacas são parte de uma inovação implementada no quadro da componente da FAO do Programa FRESAN”, tendo adiantado que “este sistema é considerado inovador por integrar, na sua estrutura, produção agroecológica, sustentável e amiga do ambiente, pois tem como base o não-uso de produtos químicos, o uso de recursos locais e a implementação de um sistema de irrigação gota-a-gota apoiado por bombas com painéis solares”. Acrescentou ainda, citada numa nota, que as principais práticas agroecológicas “são o estabelecimento de áreas de preparação de compostagem, de biocidas e de multiplicação de sementes, bem como criação de pequenos animais domésticos”.Segundo o documento, as ECA-Xitacas vão ser implementadas como uma estratégia para acelerar o processo de formação dos agricultores familiares e abordar questões imediatas de segurança alimentar e nutricional. O sistema de irrigação da ECA é garantido com a captação de água de um rio próximo, o que permite a produção de hortícolas como o tomate e a beringela, que os agricultores locais não produziam até agora. Já a embaixadora da UE em Angola, Jeannette Seppen, felicitou as mulheres agricultoras por terem conseguido “transformar” as terras “em algo muito mais verde”, contribuindo para a sua própria nutrição e segurança alimentar. “Sabemos muito bem que os desafios são grandes, não são desafios de hoje, e talvez não vamos encontrar a solução hoje, mas vemos que estamos a caminho para um hoje e um amanhã melhores. Estamos juntas. Estamos juntos, para oferecer um futuro melhor a todas as crianças que vejo ao colo das mamãs”, encorajou a diplomata.Para além da agricultura e do reforço da nutrição, os projectos apoiados pelo FRESAN estão focados no melhoramento do acesso a água potável. No início de Maio, visitámos a aldeia Malambi I, na comuna de Bata-Bata, onde foram construídas duas cisternas–calçadão, infra-estruturas que permitem, actualmente, que os moradores deixem de fazer longas distâncias a pé para ter acesso a água. A comunidade esteve envolvida na construção das cisternas-calçadão, são reservatórios com capacidade para 52 mil litros de água, onde a água fica armazenada e vai sendo renovada para assegurar o abastecimento das famílias na época mais seca. Elas absorvem o “líquido precioso” proveniente de calçadas de cimento que recolhem a água das chuvas ou de veículos automóveis.A UE financia o FRESAN com 65 milhões de euros, entre 2018 e 2024. Essa é uma iniciativa conjunta com o Governo angolano para reduzir a fome, a pobreza e a vulnerabilidade das comunidades afectadas pela seca nas províncias do Cunene, da Huíla e do Na-mibe, no Sul de Angola. Ao longo de mais de 30 anos de cooperação, segundo um comunicado dessa organização, “a UE manteve-se o maior doador em Angola e apoia o desenvolvimento do país através do financiamento de projectos nos mais diversos sectores de actividade. O combate a pobreza e a protecção do meio ambiente são prioridades da UE na cooperação com os países terceiros”, lê-se.