Grandes projectos são feitos com grandes pessoas: consulte aqui as oportunidades.

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Maria Limala: nas Escolas de Campo FRESAN “juntamos o conhecimento com a experiência”

Facilitadora na ECA – Escola de Campo de Agricultores Twepwila, Maria Limala garante que, antes da implantação da ECA na aldeia de Tchiango, em Bata-Bata, tinha dificuldades em sustentar a família. “Hoje é tudo mais fácil porque aprendemos a fazer os compassos para produzir melhor. Este projecto trouxe para a minha vida muitos pontos positivos.” E não podia estar mais orgulhosa do que já produziu, para si e para vender.

Maria Limala nasceu há 21 anos na aldeia de Tchiango, comuna da Bata-Bata, município da Humpata, na província da Huíla. Com um filho, e a 12.ª classe, há já um ano desempenha a função de facilitadora na Escola de Campo Twepwila, projecto implementado pela organização não governamental (ONG) WVA – World Vision Angola, subvencionada pelo FRESAN/Camões, I.P.
A agricultura familiar é a principal fonte de alimentos básicos nas três províncias de intervenção do Programa FRESAN: Cunene, Huíla, Namibe. O FRESAN/Camões, I.P. está a apoiar a criação e o funcionamento de Escolas de Campo Agrícolas (ECA) e Escolas Agro-pecuárias (ECAP), onde, através dos projectos implementados pelas ONG, camponeses são capacitados para poderem aplicar tecnologias e modelos de produção resistentes às condições climáticas locais. Maria garante que foi através da ECA de Twepwila que “adquirimos uma nova visão de produção, e juntamos o conhecimento com a experiência”.
As aldeias vizinhas de Tchiango há já muito tempo recebiam diferentes apoios de ONG. E há muito tempo que Maria aguardava que a sua comunidade também beneficiasse de oportunidades que pudessem transformar o dia-a-dia dos agricultores e das suas famílias. O momento chegou finalmente em 2021, quando a WVA, subvencionada pelo FRESAN/Camões, I.P., iniciou a sua intervenção na aldeia. Sendo a agricultura a principal ocupação e forma de subsistência, as famílias de Tchiango uniram-se para, com o apoio da WVA, criarem a ECA para trabalhar uma área de 2.5 hectares de terreno agrícola. Maria, cuja família depende igualmente desta actividade, refere com orgulho ser “beneficiária directa do projecto na componente da agricultura, fazendo parte da ECA, onde sou facilitadora desde Março de 2021”. Os facilitadores das Escolas de Campo estabelecem a ponte entre a WVA e a comunidade, e apoiam, no dia-a-dia, a integração das novas técnicas e saberes transmitidos nas formações. A comunidade de Tchiango, reconhecendo o dinamismo e potencial de Maria, identificou-a como facilitadora.
Maria garante que, antes da implantação da ECA Twepwila, se debatia com dificuldades para sustentar a família. “Hoje é tudo mais fácil porque aprendemos a trabalhar e a fazer os compassos para produzir melhor. Este projecto trouxe para a minha vida muitos pontos positivos”, reconhece a facilitadora. E os benefícios são bem visíveis na área de terreno onde cultiva couves. Maria afirma com brio que “a couve é o destaque da minha pequena parcela: é vendida fresca, o restante é usado para a nossa cozinha”.

Inovar técnicas agrícolas para promover a segurança alimentar
“O projecto tem impactado a minha vida. O modo de plantar na forma de compassos, quando comparado com o passado, a minha colheita aumentou, e há uma maior diversificação de culturas”. Maria sabe que a ECA Twepwila transformou, além da sua realidade, também a realidade social na sua comunidade, e sente-se orgulhosa por fazer parte da mudança. “Na ECA, além de aprendermos a fazer agricultura, também falamos de coisas que impactam a aldeia”. São promovidas sessões de esclarecimento, formações e reuniões comunitárias onde se abordam temáticas que promovem não só estratégias mais resilientes de agricultura familiar, mas também informações que fomentam a gestão da nutrição por parte das famílias, a gestão e acesso a água, cuidados de saúde, entre outros.
Actualmente já se plantam vários tipos de culturas em alternativa ao milho e cereais – que sempre foram a base da agricultura na aldeia de Tchiango –, como estratégia de melhoria da qualidade e diversificação alimentar. “Antes só plantávamos milho e não se produzia como hoje. Por exemplo, não se fazia a plantação de leguminosas”, esclarece Maria. A facilitadora vê com bons olhos a aposta no cultivo de hortícolas. E a sua comunidade gostaria de ter ainda mais apoio em termos de sementes de mandioca, batata-doce, etc. “Hoje já posso dar alimentos diferentes ao meu filho, não só o pirão [massa pastosa feita à base de farinha de milho consumida predominantemente no centro e sul de Angola], mas também a sopa, por causa dos ensinamentos que temos tido com a WVA”, acrescenta.
Maria mostra-se satisfeita por participar nas formações e beneficiar de outros apoios que a WVA proporciona aos membros da ECA Twepwila. As aspirações de Maria para a sua aldeia não se ficam por aqui, ela e as suas colegas desejam ampliar ainda mais as suas parcelas, e sonham com um sistema que permita aumentar a superfície regada para possibilitar a plantação de novas culturas. “A nossa vontade é ter uma irrigação melhor e mais eficiente, mas aprendemos com a assistência técnica da WVA a dar um passo de cada vez, e só quando sabemos que pisamos terreno firme podemos avançar, por isso estamos a organizar-nos. E não há nada mais gratificante do que ver o trabalho que amamos dar frutos.”

Data: 14 Junho de 2022