O Camões, I.P. apresentou os projectos no âmbito do programa da União Europeia FRESAN – Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola para a Huíla este sábado, 12 de Março, na Mediateca do Lubango. O evento surge na sequência do convite do Programa FRESAN para a atribuição de cerca de 14 milhões de euros a projectos de elevado impacto junto das comunidades mais desfavorecidas e vulneráveis do Cunene, da Huíla e do Namibe. Foi assim dado a conhecer os projectos a serem implementados na província da Huíla, os seus benefícios e impactos esperados. A sessão contou com a presença de participantes em representação do Governo Provincial, de organizações da sociedade civil, parceiros, detentores de interesse e autoridades locais.
A província da Huíla conta desde 2019 com três projectos subvencionados pelo FRESAN, com a duração de entre 24 a 33 meses, e que têm vindo a desenvolver acções focadas no acesso a água e na promoção da segurança alimentar e nutricional. Estes projectos já apoiaram 4222 camponeses através de medidas que permitem melhorar a produtividade e a resiliência dos sistemas agrícolas e pecuários no contexto das alterações climáticas, e 6314 pessoas através da constituição e formação de ECA – Escolas de Campo de Agricultores. Os projectos subvencionados têm ainda vindo a promover o acesso a água através da reabilitação e da construção de infra-estruturas para captação e retenção de água para consumo humano, abeberamento de animais e produção agrícola, tendo já beneficiado 23.872 pessoas. Estas infra-estruturas são reabilitadas através da metodologia de transferências sociais, de forma a fornecer às comunidades suplementos de rendimento sazonais para aumentar o acesso a alimentos nos meses escassos. Na província da Huíla, 1021 pessoas já beneficiaram desta metodologia.
Anivaldo Pena, assistente de projectos na organização não governamental ADRA – Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente, e Custódio Satiaca, investigador no ISPT – Instituto Superior Politécnico Tundavala, deram a conhecer o novo projecto resultante do último convite à apresentação de subvenções, e a ser desenvolvido pela ADRA: “EHOLE – (Elisilo lyo Nongombe) – Projecto de fortalecimento das práticas de maneio de pastos nas comunidades agro-pastoris da província da Huíla”. O EHOLE vai reforçar a resiliência de 5381 produtores agro-pastoris familiares nos municípios de Humpata, Chibia e Gambos, no contexto das alterações climáticas, através da valorização e melhoria das práticas tradicionais de maneio de pastos, bem como do desenvolvimento das iniciativas associativas e cooperativas para a melhoria da ligação com o mercado, favorecendo em particular a integração de mulheres e de jovens.
A apresentação pública foi dinamizada pelas organizações subvencionadas que implementam estes projectos: além da ADRA, a NCA – Norwegian Church Aid, a PIN – People in Need e a WVI – World Vision International. Contou ainda com o enquadramento dos projectos no Programa FRESAN, realizado por Adalberto Chiquete, coordenador adjunto do FRESAN/Camões, I.P.
Pela NCA NCA/ADRA, Simione Justino Chiculo, director da ADRA, apresentou o “PARMES – Projecto de Apoio à Resiliência para Mitigação dos Efeitos da Seca”.
A apresentação da PIN, feita por Lweji Chivangulula, oficial de sistemas de desenvolvimento de mercado, abordou o projecto “CHITANDA: Sistemas de agricultura resiliente para a melhoria da segurança alimentar e nutricional na Huíla”.
O projecto implementado pela WVI – World Vision International, “Fortalecendo a resiliência de famílias vulneráveis na província da Huíla”, foi apresentado por Renata Cavalcanti, gestora de projecto na WVI.
Adalberto Chiquete, coordenador adjunto do FRESAN/Camões, I.P., fez uma pequena súmula “daquilo que tem sido o FRESAN nesses últimos dois anos e meio em termos de implementação, e os desafios” enfrentados. Referiu que o FRESAN, “desenhado para ser implementando na região sul de Angola”, está de momento “a ser implementado em 17 municípios: seis na Huíla, seis no Cunene e cinco na Namibe”. Explicou ainda que o FRESAN “tem financiamento da União Europeia, está a ser implementado por um acordo de delegação ao Camões, I.P., da cooperação portuguesa, com implementação com parceiros das Nações Unidas como a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, e o Hospital Vall d’Hebron”. É um programa “que está a ser implementado por cinco parceiros, o principal é o Camões, I.P.; temos a FAO e o PNUD, que são da ONU; o instituto de investigação que é o Vall d’Hebron; e temos também uma vertente de visibilidade que está a ser gerida pela União Europeia a nível da delegação em Angola”. O principal objectivo do FRESAN “é contribuir para a redução da fome e da pobreza de forma bastante abrangente, através da redução da vulnerabilidade das comunidades no que toca a insegurança alimentar e nutricional, através da mitigação dos efeitos das alterações climáticas, daí ter sido seleccionada essa região do país, que é mais afectada por estes factores climáticos”.
Maria João Chipalavela, vice-governadora da Huíla, presente na apresentação dos projectos, mencionou ser um “privilégio ouvir aquilo que tem sido o FRESAN nesta luta da gestão das alterações climáticas e, no processo de construção da resiliência das comunidades.”
Data: 14 de Março de 2022