A campanha de vacinação bovina “2021” prevê vacinar 1.410.200 bovinos, em 17 municípios, das províncias do Cunene, Huíla e Namibe, através do Programa de Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN). Segundo uma nota, a campanha tem um financiamento de 59 mil euros, provenientes da União Europeia (UE), cabendo ao Instituto de Serviços de Veterinária (ISV) gerir todo o processo, que vai imunizar na província do Namibe 200 mil bovinos, Cunene (650 mil) e Huíla (560.200). O projecto tem como missão, a erradicação das principais doenças transfronteiriças, abarcando quatro doenças endémicas no efectivo bovino do país, nomeadamente a peripneumonia contagiosa dos bovinos, carbúnculo hemático, carbúnculo sintomático e dermatite nodular. O financiamento da UE serviu para a aquisição de equipamentos para o armazenamento e conservação das vacinas de forma a garantir uma rede de frio que permita salvaguardar as características iniciais para assegurar a imunidade.
Escassez de bovinos no Cunene
A província do Cunene viu a sua fama reduzida pela escalada da seca de 2018 e 2019, com as estimativas a apontarem para a perda de 180 mil cabeças, numa população de cerca de 1 milhão e 100 mil bovinos, a realidade mostra que os números podem ser de longe superiores, bastando olhar para a pouca presença de animais ao longo das vias, quando antes não era necessário percorrer quilómetros para divisar manadas espalhadas em pastos. A redução drástica da população bovina da província do Cunene, dizimada pela estiagem prolongada que afectou a região Sul, nos últimos dois anos, está a resultar na fraca oferta da carne de vaca naquela região. Por exemplo, na localidade de Oipembe, arredores de Ondjiva, poucos são os criadores que sobraram com gado. Para o povo que habita o território do Cunene, o boi representa não só um símbolo cultural ancestral, mas como de poder económico.
Fonte: Economia e Finanças (11/06/2021)